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Reino do Congo

O Reino do Congo foi formado por territórios da África Central. Estabeleceu-se como uma influente entidade política e cultural entre os séculos XIV e XIX.
O Reino do Congo estabeleceu relações comerciais com Portugal. Na gravura, “Audiência dos portugueses com o rei do Congo”.
O Reino do Congo estabeleceu relações comerciais com Portugal. Na gravura, “Audiência dos portugueses com o rei do Congo”.

O Reino do Congo se desenvolveu entre os séculos XIV e XIX, no centro da África, na região dos atuais Angola, República Democrática do Congo, Congo-Brazzaville e Gabão. Sua origem remonta às tribos congolesas que se uniram sob o reinado de seu primeiro monarca, Lukeni lua Nimi.

O reino era dividido em províncias, como Mbata e Kwangu, com líderes provinciais, possuía uma organização social estratificada, economia agrícola, comércio ativo e uma rica cena artística, incluindo esculturas em madeira e cerâmica. A relação com os portugueses trouxe relações comerciais e o comércio de escravizados.

Conflitos internos, pressões externas, como o comércio de escravizados e guerras com vizinhos, contribuíram para a instabilidade. O declínio do Reino do Congo, no final do século XIX, foi resultado da colonização europeia, notadamente dos belgas. Essa história complexa destaca a interação entre reinos africanos, potências europeias e as transformações políticas e sociais na África Central.

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Resumo sobre Reino do Congo

  • O Reino do Congo foi um reino autônomo, entre os séculos XIV e XIX, que estendeu seu território por partes da África Central.
  • Ocupava uma área estratégica que incluía partes de Angola, República Democrática do Congo, Congo-Brazzaville e Gabão.
  • Teve origem no século XIV, quando tribos congolesas se uniram sob o primeiro rei, Lukeni lua Nimi.
  • O reino consistia em províncias, como Mbata, Soyo, Kwangu, e outras, governadas por líderes provinciais.
  • Sua sociedade era estratificada, com aristocracia e sistema de castas.
  • Sua economia possuía agricultura predominante, com comércio e exportação de produtos.
  • Sua arte envolveu esculturas, cerâmica, tecelagem e joalheria.
  • O contato com os portugueses no século XV resultou em relações comerciais e no comércio de escravizados, afetando o reino.
  • O reino lidou com conflitos internos de poder, pressões externas do comércio de escravizados, guerras com vizinhos e tensões religiosas.
  • Seu declínio ocorreu no final do século XIX, devido à colonização europeia (principalmente pelos belgas), que enfraqueceu sua soberania.

Contexto histórico do Reino do Congo

O Reino do Congo se desenvolveu como uma influente entidade política e cultural na região central da África entre os séculos XIV e XIX. Durante sua história, o Reino do Congo se destacou como um poderoso Estado, estendendo-se por uma vasta área que abrangia partes dos territórios atuais de Angola, República Democrática do Congo, Congo-Brazzaville e Gabão.

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Localização do Reino do Congo

A localização estratégica do Reino do Congo contribuiu significativamente para seu crescimento e influência. Sua área territorial abrangia uma vasta porção da África Central, englobando partes dos atuais territórios de:

  • Angola;
  • República Democrática do Congo;
  • Congo-Brazzaville;
  • Gabão.

Essa posição central facilitou o estabelecimento de rotas comerciais e interações com outras culturas africanas.

Mapa do território do Congo em 1648.
Território do Reino do Congo em 1648 (em amarelo).[1]

Origem do Reino do Congo

A origem do Reino do Congo remonta ao século XIV, quando as tribos congolesas da região central da África se uniram sob a liderança de seu primeiro manicongo (termo local para “rei”) Nímia Luqueni. Esse evento marcou o início da formação do reino. A consolidação do Reino do Congo como uma entidade política distinta ocorreu gradualmente ao longo dos séculos seguintes.

Nímia Luqueni é considerado o fundador lendário do reino. Ele é conhecido por seu papel na unificação das tribos congolesas e por estabelecer as bases para a futura organização política do reino. Ao longo de sua existência, o Reino do Congo foi influenciado por diferentes grupos étnicos e culturas, mas a liderança de Nímia Luqueni foi fundamental na criação de uma identidade coesa e de um sistema político centralizado.

O fundador do Reino do Congo, Nímia Luqueni, em pintura de Mirola Lipscomb.
Nímia Luqueni é considerado o fundador lendário do Reino do Congo.[2] 

Com o tempo, o reino expandiu seu território por meio de conquistas e alianças, atingindo o auge de seu poder e influência durante os séculos XV e XVI. O Reino do Congo estabeleceu relações comerciais com europeus, em particular com os portugueses, o que contribuiu para seu desenvolvimento e, ao mesmo tempo, trouxe desafios, como o comércio de escravizados.

Veja também: Imperialismo — exploração do continente africano pelo capitalismo

Províncias do Reino do Congo

O Reino do Congo era subdividido em várias províncias, cada uma delas sob o governo de um líder provincial. Essas províncias estavam interligadas por uma rede de comunicação e comércio, o que promovia a coesão do reino e facilitava a administração de seu vasto território.

A organização provincial do Reino do Congo mudou ao longo do tempo, e, em diferentes períodos de sua história, o reino foi composto por províncias que incluíam:

  • Mbata;
  • Soyo;
  • Kwangu;
  • Mpemba;
  • Nkusu;
  • Nlaza;
  • Kongo dia Ntotila;
  • Lemba;
  • Nseke;
  • Nsundi.

Características do Reino do Congo

→ Sociedade do Reino do Congo

A organização social do Reino do Congo era altamente estratificada, com uma aristocracia que detinha privilégios e um sistema de castas que definia a posição social das pessoas. A nobreza tinha acesso a recursos e benefícios, enquanto as camadas mais baixas da sociedade enfrentavam restrições sociais.

→ Economia do Reino do Congo

A economia do reino era predominantemente agrícola, com ênfase na produção de alimentos como mandioca, milho e óleo de palma. Além disso, o comércio desempenhava um papel importante na economia, com o Reino do Congo exportando produtos como marfim, tecidos e minerais.

→ Arte no Reino do Congo

Escultura em madeira com figura humana, arte do Reino do Congo.
As esculturas em madeira representavam divindades ou líderes políticos do Reino do Congo.[3]

A arte do Reino do Congo era rica e diversificada, refletindo sua herança cultural e espiritual. Ela desempenhou um papel fundamental na expressão da identidade cultural e religiosa do povo congolês. Dentre as principais manifestações artísticas do Reino do Congo, pode-se citar:

  • Escultura em madeira: os escultores do Reino do Congo eram conhecidos por criar esculturas em madeira excepcionais. Elas frequentemente representavam figuras humanas, divindades ou líderes políticos. Um exemplo notável é a estátua de São Salvador do Congo, que combina elementos cristãos e tradicionais, representando uma figura religiosa com traços africanos.
  • Cerâmica: a cerâmica também desempenhou um papel importante na arte congolesa. Os ceramistas do Reino do Congo produziam vasos, panelas e objetos cerimoniais ricamente decorados. Essas peças frequentemente apresentavam desenhos geométricos e padrões intricados.
  • Tecelagem e bordado: a tecelagem e o bordado eram formas de arte têxtil praticadas no Reino do Congo. Roupas, panos e tapeçarias eram habilmente produzidos, muitas vezes com cores vivas e padrões elaborados.
  • Joalheria: os ourives do Reino do Congo eram conhecidos por suas habilidades na criação de joias. Colares, pulseiras e adornos de cabelo eram decorados com materiais como contas, marfim e metais preciosos.
  • Máscaras e máscaras de rosto: máscaras desempenharam um papel significativo nas práticas religiosas e cerimoniais do Reino do Congo. Elas frequentemente representavam figuras espirituais ou ancestrais e eram usadas em rituais importantes.
  • Arte religiosa e ritualística: muitas obras de arte do Reino do Congo tinham conotações religiosas e eram usadas em cerimônias e rituais. Um exemplo é o tambor do Congo, usado em práticas religiosas e cerimônias importantes.

A relação entre Reino do Congo e os portugueses

No final do século XV, os portugueses estabeleceram contato com o Reino do Congo, criando relações comerciais e diplomáticas. Essas relações comerciais, no entanto, também introduziram desafios, como o comércio de escravizados, que teve um impacto prejudicial na população do Reino do Congo.

Conflitos no Reino do Congo

Conflitos internos e pressões externas desempenharam um papel significativo na história do Reino do Congo. O reino enfrentou uma série de lutas pelo poder entre as províncias, além de desafios decorrentes da expansão do comércio de escravizados e da pressão crescente das potências europeias em busca de territórios na África Central.

Dentre os principais conflitos nos quais o reino do Congo se envolveu, pode-se destacar:

  • Conflitos internos de sucessão e poder: uma fonte significativa de conflito no Reino do Congo eram as lutas pelo poder entre diferentes províncias e líderes. A estrutura política do reino era altamente descentralizada, com províncias autônomas lideradas por governantes provinciais. Essa descentralização frequentemente levava a disputas de sucessão e rivalidades políticas, com diferentes províncias competindo pelo controle central.
  • Pressões externas do comércio de escravizados: a chegada dos europeus, em particular dos portugueses, introduziu o comércio de escravizados no Reino do Congo. Isso levou a conflitos, uma vez que as elites do Congo estavam envolvidas na venda de escravizados para os comerciantes europeus, resultando em tensões internas entre aqueles que lucravam com o comércio dessas pessoas e aqueles que eram afetados negativamente pela escravização de suas populações.
  • Conflitos com potências europeias: além do comércio de escravizados, as potências europeias competiam por influência e território na região da África Central. Isso frequentemente resultava em conflitos entre o Reino do Congo e as nações europeias, como Portugal, que buscavam expandir sua presença na região.
  • Guerras contra os invasores do Leste: no final do século XVI e início do século XVII, o Reino do Congo enfrentou ameaças dos povos vizinhos, como o Reino de Matamba, que invadiu o território do Congo. Essas guerras enfraqueceram o reino e desencadearam conflitos internos.
  • Pressão externa para a conversão religiosa: a presença de missionários cristãos europeus no Reino do Congo e a pressão para a conversão religiosa também causaram tensões. Alguns líderes congoleses abraçaram o cristianismo, enquanto outros resistiram, resultando em divisões dentro do reino.

Saiba mais: Como foi o processo de descolonização da África

Fim do Reino do Congo

Pedro VI Elelo, último manicongo (rei) do Reino do Congo.
Pedro VI Elelo, último manicongo (rei) do Reino do Congo.

O declínio do Reino do Congo começou a se manifestar gradualmente no final do século XIX, à medida que a região se tornava alvo da colonização europeia. Os belgas, em particular, exerceram controle sobre partes do território congolês, resultando no declínio da soberania do Reino do Congo. Esse período marcou o fim da história do reino, ilustrando as complexas dinâmicas entre os reinos africanos, as potências europeias e as mudanças políticas e sociais que marcaram a história da África Central.

Créditos das imagens

[1] Wikimedia Commons

[2] Wikimedia Commons

[3] Museu do Brooklin/ Wikimedia Commons

Fontes

MACEDO, José Rivair. História da África. São Paulo: Contexto, 2014.

RODRIGUES, Maria Assunção. O Livro da História Negra. São Paulo: Globo Livros, 2021.

Publicado por Tiago Soares Campos

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