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Colonização espanhola

Colonização espanhola foi o processo, entre os séculos XVI e XIX, no qual os espanhóis colonizaram o continente americano, com modelos políticos, econômicos e sociais próprios.
Quadro mostrando a chegada de Cristóvão Colombo no continente americano, o que deu início à colonização espanhola na América.
Quadro mostrando a chegada de Cristóvão Colombo à América, acontecimento que deu início à colonização espanhola no continente americano.

A colonização espanhola foi o processo de colonização realizado pela Espanha na América entre os séculos XVI e XIX. Teve início durante a era do mercantilismo, quando Espanha e Portugal lideraram as Grandes Navegações. Os principais objetivos da colonização espanhola eram a obtenção de riquezas, exploração mineral, agricultura e comércio com a Metrópole. Os países que foram colonizados pela Espanha durante esse processo foram os seguintes:

  • Argentina;
  • Bolívia;
  • Chile;
  • Colômbia;
  • Costa Rica;
  • Cuba;
  • Equador;
  • El Salvador;
  • Guatemala;
  • Honduras;
  • México;
  • Nicarágua;
  • Panamá;
  • Paraguai;
  • Peru;
  • Porto Rico;
  • República Dominicana;
  • Uruguai;
  • Venezuela.

Leia também: Como foi a colonização portuguesa no Brasil?

Resumo sobre a colonização espanhola

  • A colonização espanhola foi o processo, entre os séculos XVI e XIX, no qual os espanhóis colonizaram o continente americano.
  • Ela foi iniciada no século XVI, durante o mercantilismo, com o objetivo de acumular riquezas, explorar minerais, promover a agricultura e manter o comércio exclusivo com a Metrópole.
  • As colônias eram divididas em vice-reinos, ricas em ouro, e capitanias gerais, que incluíam outras regiões.
  • A administração colonial envolveu órgãos como o Conselho das Índias e as Casas de Contratação, além de governos locais como cabildos e ayuntamientos.
  • A economia das colônias era controlada pelo comércio exclusivo e sistema de porto único, sendo as principais atividades econômicas a agricultura, pecuária e mineração.
  • A sociedade colonial era estratificada em chapetones (espanhóis nascidos na metrópole), criollos (colonos descendentes de espanhóis), indígenas e escravos.
  • Os países colonizados pela Espanha foram a Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Porto Rico, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.
  • A Igreja Católica exerceu um papel importante na catequese e na luta contra a escravização indígena. A alguns historiadores a acusam de aculturação e exploração da mão de obra nativa.
  • Algumas das consequências da colonização espanhola foram a criação de elites coloniais, guerra contra indígenas e influência na estrutura administrativa das nações modernas.

Videoaula sobre a colonização espanhola

Antecedentes históricos da colonização espanhola na América

Os antecedentes históricos da colonização espanhola na América remontam ao século XV. Em pleno mercantilismo, as nações europeias valorizavam o comércio de produtos importados, sobretudo as especiarias vindas da Índia, e a riqueza através do acúmulo de ouro, o chamado metalismo.

Nesse contexto, Espanha e Portugal foram pioneiros nas Grandes Navegações, uma série de expedições com o objetivo de encontrar rotas alternativas para a Índia e, ao descobrir novos lugares, empreender a exploração mineral e a colonização com fins mercantilistas.

Objetivos da colonização espanhola na América

Retrato de Cristóvão Colombo, o navegador que chegou primeiro ao território americano, dando início à colonização espanhola.
Retrato de Cristóvão Colombo, o navegador que chegou primeiro ao território americano, em 1492.

Os objetivos da colonização espanhola na América remontam às bases fundamentais do mercantilismo:

  • a obtenção de produtos importantes dentro do comércio europeu, cuja comercialização revertesse riquezas na forma de ouro;
  • a exploração de produtos coloniais agrícolas cuja venda revertesse em lucros para a Metrópole;
  • a exploração mineral, sobretudo do ouro, de modo a cumprir a função metalista da colonização.

Assim, é possível classificar as colônias espanholas como colônias de exploração, ou seja, aquelas que têm por características principais a exploração do território como forma de gerar lucros para as metrópoles.

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Divisão das colônias espanholas

As colônias espanholas estavam divididas segundo duas classificações: os vice-reinos e as capitanias gerais. Ambas eram formas de divisão administrativa das colônias espanholas na América durante o período colonial, porém possuíam diferenças significativas em termos de tamanho, governança e importância econômica.

→ Vice-reinos

Quadro mostrando a chegada dos espanhóis no México, um dos países colonizados durante a colonização espanhola na América.
Quadro mostrando a chegada dos espanhóis no México, que fez parte do Vice-Reino da Nova Espanha.

Os vice-reinos eram as maiores e mais importantes unidades administrativas na estrutura colonial espanhola. Eles abrangiam vastos territórios e geralmente incluíam áreas ricas em recursos naturais, como ouro e prata. Eram geralmente governados por vice-reis, representantes diretos da Coroa espanhola, que tinham amplos poderes políticos e militares. Como exemplo de vice-reinos, pode-se apontar:

  • Vice-Reino do Peru: incluía áreas que agora fazem parte do Peru, Bolívia, Equador, Colômbia e Chile. Era conhecido por suas ricas minas de prata.
  • Vice-Reino da Nova Espanha: compreendia o México, partes dos Estados Unidos, América Central e algumas ilhas do Pacífico. Era famoso por suas minas de prata e ouro.
  • Vice-Reino do Rio da Prata: correspondia principalmente à região que é agora a Argentina, Uruguai, Paraguai e partes do Brasil. Trata-se de uma importante região para a navegação (sobretudo no rio da Prata) e comércio.
  • Vice-Reino do México: compreendia o México Central, onde atualmente está localizado o México.
  • Vice-Reino da Nova Granada: incluía grande parte do que hoje é a Colômbia, Venezuela, Equador e Panamá.
  • Vice-Reino da Guatemala: englobava partes da América Central, mas era menor em extensão do que a Capitania Geral de Guatemala.

→ Capitanias gerais

As capitanias gerais eram subdivisões administrativas menores em comparação com os vice-reinos. Elas abrangiam áreas menos ricas em recursos naturais e tinham menos importância econômica. Eram governadas por capitães-generais, que também eram nomeados pela Coroa espanhola. No entanto, seus poderes eram geralmente mais limitados em comparação com os vice-reis dos vice-reinos. Como exemplo de capitanias gerais, pode-se apontar:

  • Capitania Geral de Cuba: incluía a ilha de Cuba e outras ilhas menores no Caribe.
  • Capitania Geral de Guatemala: compreendia partes da América Central, incluindo Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua e Costa Rica.
  • Capitania Geral de Porto Rico: abrangia a ilha de Porto Rico e algumas ilhas menores do Caribe.
  • Capitania Geral da Venezuela: compreendia a maior parte do território da atual Venezuela.
  • Capitania Geral de Santo Domingo: incluía a ilha de Hispaniola, que hoje é compartilhada pela República Dominicana e Haiti.
  • Capitania Geral do Chile: correspondia à região do Chile.

Administração das colônias espanholas

A administração das colônias espanholas ficava a cargo de órgãos administrativos e órgãos do governo colonial.

  • Órgãos administrativos: eram responsáveis pela administração das colônias e do império colonial como um todo. Formados pelo Conselho das Índias, responsável pela legislação, e pelas Casas de Contratação, responsáveis pelos impostos e comércio.
  • Órgãos do governo colonial: existiam os órgãos de governo local, chamados de cabildos e ayuntamientos, formados por membros da elite local e responsável por governar as cidades. Ambos desempenhavam funções administrativas e políticas, mas havia diferenças significativas entre eles:
    • Cabildos: eram órgãos municipais que administravam as áreas urbanas, como cidades e vilas coloniais. Eles eram compostos por membros da elite local, frequentemente espanhóis ou criollos. Os cabildos tinham autoridade para tomar decisões sobre assuntos locais, como questões fiscais, polícia, obras públicas e regulamentações urbanas.
    • Ayuntamientos: eram órgãos semelhantes aos cabildos, mas operavam em áreas rurais ou pequenas comunidades. Eles também eram compostos por membros da elite local e tinham responsabilidades semelhantes de administração local, embora em uma escala menor do que os cabildos. Os ayuntamientos eram mais comuns em áreas menos urbanizadas das colônias espanholas.

Esses órgãos desempenharam um papel fundamental na administração das colônias espanholas na América, ajudando a manter o controle e a ordem nas áreas coloniais, desempenhando um papel importante na estruturação da sociedade e na governança das áreas coloniais.

Economia das colônias espanholas

A economia das colônias espanholas seguia um rígido controle metropolitano. Existia o Exclusivo Comercial, como no Brasil Colônia, ou seja, a obrigatoriedade de os colonos praticarem comércio apenas com a Metrópole.

Além disso, por conta da existência do Sistema de Porto Único, toda a produção colonial partia de um único porto americano para um único porto espanhol, o de Sevilha. Essa era a chamada Frota da Prata Espanhola, escoltada pela marinha do país, conhecida como a Invencível Armada.

A economia colonial da América espanhola era baseada na agricultura, pecuária e, sobretudo, na mineração. A mineração era mais acentuada na região do eixo México-Peru, onde as nações indígenas conquistadas pelos espanhóis já a praticavam. A agricultura e pecuária eram outra importante fonte de receita, as quais eram praticadas em todas as colônias. 

Sociedade nas colônias espanholas

A sociedade das colônias espanholas era organizada a partir de dois grupos de elite: os chapetones e os criollos. Os chapetones eram espanhóis nascidos na Metrópole que vinham para as colônias exercer cargos públicos e eram os únicos que podiam comandar a exploração de ouro. Por isso, eram a nata da elite colonial. Em segundo lugar, os criollos eram colonos nascidos na América, mas descendentes de espanhóis, que formavam a elite colonial de fazendeiros e comerciantes. No entanto, não podiam acessar cargos públicos de destaque, fazer parte dos governos coloniais nem comandar a exploração de ouro. Abaixo dos membros da elite, estavam a população indígena e os escravos negros.

Acesse também: Quais eram os povos pré-colombianos?

Quais países foram colonizados pela Espanha?

Mapa mostrando as colônias da Espanha na América, conquistadas durante a colonização espanhola.
Mapa mostrando, em vermelho, as colônias espanholas na América.

Em termos contemporâneos, os países que foram colonizados pela Espanha são:

  • Argentina;
  • Bolívia;
  • Chile;
  • Colômbia;
  • Costa Rica;
  • Cuba;
  • Equador;
  • El Salvador;
  • Guatemala;
  • Honduras;
  • México;
  • Nicarágua;
  • Panamá;
  • Paraguai;
  • Peru;
  • Porto Rico;
  • República Dominicana;
  • Uruguai;
  • Venezuela.

Importância da Igreja Católica na colonização espanhola

A Igreja Católica exerceu um papel de destaque na colonização espanhola. Como a Espanha era conhecida como a “Monarquia Católica”, haja vista a importância da religião para seus reis, a atividade catequética e pastoral em suas colônias foi imensa.

Além de catequizar os indígenas, os missionários católicos foram responsáveis por pressionar a monarquia a proibir sua escravização (ocorrida em 1542), destacando-se o frei Bartolomeu de Las Casas, chamado de “defensor dos indígenas”, grande adversário político da elite colonial que explorava o trabalho compulsório dos nativos.

Apesar disso, alguns historiadores latino-americanos apontam o papel da Igreja como o de aculturação, ou seja, através da atividade missionária e catequética, os indígenas foram forçados a abrir mão de suas culturas em prol da cultura europeia e religião católica.

Consequências da colonização espanhola

Como consequências da colonização espanhola na América, pode-se apontar:

  • a criação de diversas colônias;
  • a exploração mineral e agrícola que enriqueceu a Metrópole;
  • a criação de uma elite colonial que posteriormente se identificou como herdeira dos povos nativos americanos;
  • a intensa guerra contra os indígenas e o massacre de diversas de suas nações;
  • a criação de uma estrutura administrativa e burocrática que serviu como modelo para as nações modernas do continente.

Veja também: Como foi a colonização inglesa na América do Norte?

Exercícios resolvidos sobre a colonização espanhola

Questão 1

Durante a colonização espanhola na América, quais eram os principais objetivos da metrópole espanhola ao estabelecer suas colônias?

A) Expandir o território espanhol na América.

B) Promover a independência das colônias.

C) Obter riquezas, explorar minerais e controlar o comércio.

D) Estabelecer uma sociedade igualitária.

E) Fomentar a autonomia política das colônias.

Resolução:

Alternativa C.

Durante a colonização espanhola, a Metrópole buscava principalmente a obtenção de riquezas, a exploração mineral e o controle do comércio como objetivos-chave. Isso se alinhava com a política mercantilista da época, na qual as colônias eram vistas como fontes de recursos para enriquecer a Metrópole.

Questão 2

Qual era a função dos cabildos nas colônias espanholas na América?

A) Administrar as colônias como líderes militares.

B) Controlar o comércio internacional das colônias.

C) Gerenciar questões fiscais e regulamentações urbanas nas cidades coloniais.

D) Representar as populações indígenas perante a Coroa espanhola.

E) Atuar como governos autônomos nas colônias.

Resposta:

Alternativa C.

Os cabildos nas colônias espanholas tinham a função de administrar as cidades coloniais, lidando com questões locais, como questões fiscais, regulamentações urbanas, polícia e obras públicas. Eles desempenharam um papel importante na governança das áreas urbanas coloniais.

Fontes

BETHEL, Leslie. História da América Latina: da Independência a 1870. São Paulo: EDUSP, 2018

BETHEL, Leslie. História da América Latina: América Latina Colonial, Vol. II. São Paulo: EDUSP, 2018

PRADO, Maria Lígia. História da América Latina. São Paulo: Contexto, 2018.

Publicado por Tiago Soares Campos
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